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28 de mai. de 2007

Contra o desejo de status: a arte

Detalhe do quadro Guernica, de Pablo Picasso, sobre a Guerra Civil Espanhola

Comentei semana passada o livro “Desejo de Status”, de Alain de Botton, que fala sobre o culto da nossa sociedade a uma busca por ascensão e reconhecimento social permanente, como ideal ilusório de felicidade. (link para o post)

O que não comentei é que toda segunda parte do livro é dedicada às formas que temos para nos livrar dessa fórmula falsa. A arte é uma das principais. O autor oferece uma convincente interpretação do surgimento e do desenvolvimento das artes como um dos principais meios de expressão de crítica e descontentamento com o status quo vigente. A arte em qualquer forma - música, cinema, teatro, poesia, escultura, literatura – é portanto libertadora, ao oferecer um caminho de questionamento e descobertas em relação aos paradigmas de educação, profissão e relacionamentos.

24 de mai. de 2007

Blog para comunicação interna já!


Do ponto de vista da comunicação interna, os blogs são uma verdadeira revolução e ruptura com a prática tradicional das empresas. Na Disney, é a principal ferramenta de gestão de conhecimento sobre os acontecimentos técnicos diários dos diversos canais de TV da empresa entre os seus funcionários. Oras, uma das principais deficiências de comunicação interna é estabelecer um canal de diálogo com os funcionários. Requer coragem porque dá voz e poder às pessoas. Mas apesar dos riscos, reflita comigo: não é um caminho muito mais direto para acertar nas ações e iniciativas que efetivamente respondem às prioridades e necessidades dos funcionários - e mais econômico, rápido, enfim: eficaz?

Na minha experiência em consultoria, fica evidente a oportunidade de usar blogs nas mais diversas situações e necessidades dos clientes: engajar pessoas, colher feedback, promover interação e fortalecer a cultura, gerar significados práticos para as pessoas. À medida que estas idéias surgem, vamos pesquisando soluções, testando junto aos clientes, interessados até, mas ainda com pouco conhecimento sobre o assunto.

Ah! Sobre consultores de RH que mantém blogs, conheço dois apenas: Cristina Aiach, que é da área mas escreve sobre um assunto mais amplo no
www.thenewlife.com.br e Ricardo Altana http://www.ra1.com.br/ do RJ, com um leque de assuntos tanto pessoais quanto profissionais. Se você conhecer mais autores da área ou empresas com experiências de blogs internos por favor compartilhe!

13 de mai. de 2007

Poder e dinheiro trazem mais felicidade?


As capas da Newsweek e Época Negócios desta semana trazem assuntos correlatos: no cenário internacional, economistas e políticos de países como Inglaterra e Bélgica cedem cada vez mais à tese de que, a partir de um certo nível de prosperidade, mais dinheiro e riqueza não trazem mais felicidade. A visão que começa a surgir é que isso vale até um certo nível de conforto e atendimento das necessidades básicas. Mas chega um momento em que o que passa a fazer real diferença é a qualidade de vida: tempo para estar junto a entes queridos e se fazer o que gosta.

A Época Negócios debruça-se sobre uma pesquisa da Fundação Dom Cabral que ouviu mais de 1.000 executivos para concluir que: chegar (e se manter) no topo da pirâmide das empresas ainda impõe doses tóxicas de pressão, stress, solidão e principalmente culpa por sacrifícios à vida pessoal em nome de poder e riquezas que afinal, não estão valendo tanto a pena, segundo o questionamento dos seus ocupantes.

A saída? Agir para reverter o mito do sucesso atrelado às promoções e crescimento nas empresas. Desde a contratação de um estagiário, a sedução pela possibilidade de “subir” está presente. Planos estruturados de carreira são uma das principais demandas dos funcionários em qualquer empresa hoje em dia, mas é uma reivindicação que pode estar equivocada, como comprovam as duas matérias. Atualizar a noção de carreira das pessoas, trazendo esclarecimento e reflexão individual, traria enormes benefícios para a empresa, profissionais e o próprio RH.

11 de mai. de 2007

Simplicidade voluntária


Deu no Fantástico: um movimento organizado de pessoas que adotam como filosofia de vida ter e acumular menos coisas para serem mais felizes. Com isso, livram-se também de preocupações, stress, ansiedade, até do "olho grande" dos outros, como diz uma entrevistada. Junto com a mudança, passam a fazer o que gostam. Um executivo de bancos de Porto Alegre virou professor de artes marciais. Outro executivo de bancos de investimento de Niterói virou professor universitário (coincidência que nos dois exemplos os entrevistados trabalhavam em banco? E curioso: ambos viraram professores?). Duas filhas adolescentes de um casal adepto da filosofia contam como, diante de suas posturas não consumistas, são tratadas pelas amigas como alienígenas.

Fico imaginando todos os empresários que conheço, especialmente os jovens donos de negócios de pequeno e médio porte ainda em crescimento, se algum deles sonha que um dia suas empresas possam se tornar esses lugares insuportáveis em que os empregados não vêem a hora de abandonar e começar uma vida completamente diferente. Como empresas um dia tão bem intencionadas acabam se tornando lugares assim?

Leia a íntegra da reportagem e assista a matéria no site do Fantástico clicando aqui.

5 de mai. de 2007

Delegar até que ponto?


No seu novo livro “Você está louco!”, Ricardo Semler conta como, na década de 90, uma de suas fábricas foi fechada a partir da decisão dos próprios operários. Ele e a diretoria eram contra: apostavam que os maus resultados podiam ser revertidos. Mas os funcionários optaram em quitar o sangramento da empresa enquanto ainda havia recursos para lhes garantir uma rescisão digna. Decisão sábia, como concluiu Semler mais tarde.

Nas empresas que comanda (são mais de 30), e desde a primeira empresa herdada do pai nos anos 80, prevalece essa filosofia de gestão participativa. A premissa de Semler é simples: grupos de funcionários são capazes de tomar boas decisões porque conhecem os pormenores da operação em maior profundidade que seus superiores e desejam tanto quanto eles o sucesso da empresa para manutenção e perpetuação de seus empregos. Com uma vantagem adicional: torna a experiência profissional muito mais dignificante. Afinal, mesmo da base da pirâmide, a opinião de todo e qualquer funcionário conta e tem valor. Autonomia motiva e está aí a prova.

Fácil não é: pressupõe diálogo, treinamento, tempo para amadurecimento, paciência e muita perseverança. E o principal entrave, constatou Semler, é a ameaça ao “status quo” que tal sistema impõe a gerentes e diretores cujo visão de poder se baseia no exercício do controle, obediência e autoridade. Pois outro aspecto da cartilha de delegação de Semler é que são os funcionários quem entrevistam, contratam, avaliam e decidem a demissão dos profissionais. Preste atenção: decidir no sentido de ter a palavra final sobre a contratação ou demissão de chefes, gerentes e diretores!

Utopia? Está em prática nas empresas do grupo Semco de Semler já há 20 anos. Mais sobre o início de toda essa história está no célebre “Virando a Própria Mesa”, do mesmo autor.