Harvard para Empreendedores no Brasil
Encontrei no site da escola de negócios de Harvard a sua missão: "formar líderes que fazem a diferença no mundo". Quem disse então que um curso sobre “new ventures” deles não poderia acontecer aqui? Graças a um empurrãozinho inicial da Endeavor (entidade sem fins lucrativos que promove a ação empreendedora em diversos países) e parcerias como a FIA-USP, FGV-SP, FDC, IAG PUC RJ, IBMEC SP, pelo segundo ano consecutivo o curso está acontecendo em um hotel em Embú, próximo de São Paulo.
São 64 participantes que, excluindo-se cerca de 6 acadêmicos indicados pelas instituições parceiras, forma um grupo de 57 empreendedores de fato. Onze são de países diversos do continente (do Canadá à Argentina) e 46 são brazucas, com forte predominância carioca. Dentre todos, apenas 10 mulheres.
Difícil contar pela lista oficial, mas o grupo parece bem dividido entre empreendedores iniciantes, médios empresários com negócios razoavelmente estabelecidos (entre o grupo seria polêmico definir o que é razoável) e um outro tanto de grandes empresas multinacionais.
Hoje, final do primeiro dia de estudos de casos, dois dos melhores professores de Harvard enviados para o curso, quatro acadêmicos das nossas escolas de primeira linha e um bem sucedido empreendedor ex-aluno da escola, perfilaram-se numa bancada para 2 horas de debate conosco, ávidos participantes.
Sabe o que aconteceu? Setenta por cento das "perguntas" eram lamentos sobre como é difícil ser empreendedor na região, com nossos governos que jogam contra, a família e amigos que não apóiam, pouca mão-de-obra e até a falta de sorte – pasme. Algo revelador sobre a auto-estima de um grupo que se digna perder uma semana à frente de seus empreendimentos e investir alto em genuína formação made in Tio Sam. Minha aposta? Até sexta-feira (final do curso) a moral do grupo sobe à baixa temperatura das montanhas de Embú. Começo de curso é assim mesmo...
Programa Completo do Curso Buinding New Ventures in Latin America
3 comentários:
Acredito que empresário no Brasil tem todo o direito de se queixar. No resto do mundo empresário é visto com admiração, pela sua coragem e pelo fato que consegue gerar recursos para si e para seus funcionários enquanto permanece com o risco da operação. Afinal no mundo do trabalho existem três categorias: Funcionário que quer ver dinheiro na conta no fim do mês independente da situação da empresa. Profissional Liberal que vende seus serviços individuais (ou até de outros) e pára de trabalhar se não recebe e os tais dos empreendedores que empregam ou contratam a estes dois primeiros.
Quanto você paga de encargos, impostos e juros? Quantas familias você sustenta?
No Brasil os empresarios são os culpados por todas as camadas da sociedade. Os participantes do curso (aqueles que são verdadeiros empreendedores) têm razão: A carga tributária no Brasil é alta mesmo- a taxa de juros é absurda, dificultando investimentos de médio prazo que não sejam com recusos próprios. Encargos são uma piada. A mão de obra não é das mais qualificadas ou fieis, quando é ruim temos que pagar para que ela vá embora. As regras e a legislação muda sempre.
Mesmo assim os empresarios acreditam que vão poder dar a volta por cima e gastam seu tempo e dinheiro com um programa destes para melhorar sua forma de empreender. Gostaria de ver mais comentarios elogiando a coragem empresarios do que criticando.
Acredito que seu comentário vem do fato que você é um dos empreendedores iniciantes do curso que ainda não passou pelas turbulências que nos empresários passamos.
Já passei por maus bocados na vida, coisas realmente engraças e outras trágicas, então posso dizer tranquilamente que entendi a postagem e aprendi por experiência própria que viver reclamando não resulta em coisa alguma, nem em aprendizado, nem em motivação.
Isso ajuda muito, é verdade, quando estamos diante de um impasse, protesto ou exercendo pressão sobre o governo. Falar sem parar que tudo está mal já resultou históricamente de grandes mudanças e em grandes revoluções.
Mas na esfera individual do empresário, acho que o sucesso nos negócios sempre começa em um espírito puramente solitário e esperançoso de alguém, que contra tantas perspectivas ruins consegue virar o jogo, recebendo os tapinhas nas costas de todos que duvidaram no passado de que aquilo era possível.
Nunca sonhei em ir para Harvard, mas a oportunidade surgiu e cá estou. Os professores são da elite da escola e os parceiros brasileiros também são estrelas locais. Sem contar o empreendedor convidado, ex aluno e empresário com negócios em todo o continente. O que alguns não se deram conta é o seguinte: eles estavam ali para responder perguntas, não ficar ouvindo lamúrias. Ou seja: empreendedor também é humano e às vezes lhe escapa oportunidades que passam bem na frente de seu nariz.
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