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8 de jun. de 2007

Dar feedback não é para brasileiros



Feedback é ponto crucial na avaliação de desempenho. Às vezes, é o principal objetivo de todo o processo. Por isso, se os gestores o praticassem com freqüência no dia-a-dia junto às suas equipes talvez a avaliação formal nem precisasse existir. Na prática, os gestores se revelam um desastre para corrigir comportamentos, alinhar expectativas sobre o que esperam e o que podem dar em troca, ou mesmo dar um simples elogio que encaminhe para desempenho superior.

Feedback é uma invenção americana que não combina com a nossa cultura. Os americanos são impessoais no trabalho. Nada no ambiente profissional é levado para o lado pessoal. As pessoas sequer sabem se o colega é casado, onde nasceu, em que bairro mora, seus hábitos de lazer. Aqui é tudo ao contrário: somos pessoais trabalhando. E muito. Por isso o desconforto em apontar falhas e necessidades de melhoria. Como encarar o outro se o costume é almoçar juntos, socializar e criar pessoalidade com as pessoas? Dar feedback negativo é entendido como um ato de impopularidade, uma declaração de inimizade quase irreversível. Que gestor se sente bem fazendo isso?

Por isso nossas avaliações de desempenho carecem de consistência nos resultados. A equipe toda acaba nivelada no desempenho, e em geral para cima. Atrelar feedback às conseqüências de meritocracia e recompensas da empresa (aumento salarial, bônus, promoção...) traz esse viés. É melhor separar as duas coisas. Os aumentos e promoções devem ser decisões colegiadas, em comitês de gestores, o que força um refinamento do entendimento compartilhado do que é meritocracia na empresa. E investir em treinamento, não apenas sobre como dar feedback mas principalmente sobre o entendimento do papel do gestor como responsável pelo desempenho de cada um sob seu comando. E medir - e recompensar - o gestor por isso.

2 comentários:

Anônimo disse...

Em nossa cultura latina falar o que pensa é falta de educação, ou seja, dar feedback também acaba sendo falta de educação! Complicadíssimo! Acontece assim: "Quem perguntou?" E fica por isso mesmo, é um tal de faz de conta que todo mundo é bonito! O desafio de RH é esse, mudar a cultura, romper tabus, mostrar que no final do dia todos ganham com o aumento da consciência coletiva sobre o desempenho! Patricia Müller.

Daniela Augusta disse...

Feedback não é opinião, é retorno. Tal característica pede um contexto, um planejamento, uma cultura que o comporte. As pessoas precisam ser preparadas para tal, se não vira opinião... Como dito acima: "Quem perguntou?"
Feedback, taí um assunto interessate para o Dimensão Humana. Posso roubar sua idéia?
[]'s
www.danielaguimaraes.com