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7 de mar. de 2007

O ritual do elogio


Estou no mesmo relacionamento conjugal há doze anos. Uma eternidade nos dias de hoje. Não sei de segredos, cada casal vai desenvolvendo suas fórmulas, regras de convivência e tolerância, como cultivar o amor. Almoçamos e jantamos juntos com freqüêcia e ambos gostamos de cozinhar. Eu tenho comigo um jeito secreto de medir diariamente a temperatura da relação: o elogio que se faz à comida do outro durante as refeições.

_ Que arroz soltinho!
_ Temperinho novo? Ficou excelente!
_ Guarda essa receita para fazer para os meus pais.

Em dia que as coisas não estão bem, nada de elogios. Ou então sai lá pelo final da refeição, constrangido, burocrático, baixinho. Tom e forma dizem tudo. Nas empresas, podia ser igual. Todo final de dia o chefe escolhia algo para elogiar o funcionário:

_ Li o relatório, está excelente.
_ Ótima aquela idéia para o projeto.
_ Só você resolve tudo tão depressa!
As empresas se esforçam muito para colocar em prática os mais diversos programas que, no fundo, tentam fazer justamente isso: o funcionário se sentir só um pouquinho respeitado, reconhecido, valorizado. Desinteresse e desatenção são descuidos que fragilizam uma relação. Torna-se uma questão de tempo para aparecer (ou se sair à procura) de pretendentes que não só voltam a fazer elogios, mas escutam, prometem tirar da rotina, acenam com novos planos, orientam, desenvolvem. Em resumo: trazem esperança. A distância numa relação às vezes chega a um ponto que, das brigas, finalmente vem a separação.
Um elogio por dia economizaria muito dinheiro para as empresas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Falou tudo... Essa consultoria ficou de graça.